35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Professoras durante a visita Saberes Bakongo.
Foto: Equipe de Educação Bienal

Saberes Bakongo

A visita temática, nomeada de Saberes Bakongo, trouxe a proposta em coreografar as vicissitudes de cada pessoa que participou daquele momento. A intenção não foi esgotar o conteúdo, mas praticar a sensibilidade para avançar sobre o entendimento do Eu. O tempo, o espaço, o corpo, a presença e seus afetamentos através da produção de memória. Se você desaparecer neste exato momento, você faria falta para os lugares onde transita, para quem te conhece? De quais formas você seria lembrada?

O tempo do presente encorpado pelo hálito do passado, de lugares outros, de uma dimensão espiralar que é deslocada de regiões, mas com potência ativada dentro do tempo/espaço, praticado, encantado e reterritorializado nas idas e vindas de uma concepção circular.

A visita se deu a partir do encontro com um grupo de professoras, que traziam suas experiências de vida para refletir sobre seus percursos neste plano físico e olhar para si, para  suas produções de memória e de como gostariam de ser lembradas. 

A construção do diálogo teve a obra de Tiganá Santana e Ayrson Heráclito, uma Floresta de infinitos que sugere uma compreensão de ideias a partir da cosmologia bakongo, conectando o mundo físico/visível ao não visível, rompendo com a materialidade do corpo vivo e se projetando para a ancestralidade em uma construção da memória, do presente ao passado.

Luiz Antônio Simas diz que “só é ancestral aquilo que é contemporâneo  que não é sujeito às vicissitudes do tempo porque funda a própria  ideia de temporalidade”. Cada pessoa é um sistema de sistemas em diálogo com outros diferentes sistemas, envolvendo pessoas, fauna, flora e minerais, nossas ações agem nestes quatro segmentos.

Essa forma de visão de mundo não se refere a aceitar as mazelas postas na sociedade, mas sobre como lidar com as transformações que nos são apresentadas durante a vida. Entendendo que não temos domínio sobre esses acontecimentos, mas que podemos caminhar em busca de uma melhor relação diante da vida.

Cosmograma Bakongo ao lado de imagem de Antônio Bispo dos Santos (1959-2023). Foto: Equipe de Educação Bienal

Lidar com a filosofia bakongo é poder pensar sobre como todos os dias temos novas e variadas oportunidades. Aprender a enxergar o quanto estamos abertos para encerrar um ciclo e iniciar outro. Buscar novas oportunidades também é saber lidar com a despedida ao encerrar e iniciar ciclos.