35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Visita: Entre o Orun e o Aiyê existe uma Bienal.
Foto: © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Entre o Orun e o Aiyê existe uma Bienal

Ko’si ewê ko’si Orisá!

Sem folha não tem Orisá!

Inicio este relato pedindo licença aos caminhos que lhe trouxeram até aqui.

Exú matou um pássaro ontem com a pedra que só jogou hoje. 1

Assim como a pedra de Exú, que vai e volta em um tempo espiralar, um tempo que o relógio cronológico não dá conta de explicar, te convido a experimentar esse outro tempo/espaço junto comigo, construindo lembranças onde Aiyê e Orun se conectaram na 35ª Bienal de Artes de São Paulo.

Vivenciar esta visita foi uma oportunidade de partilhar e compartilhar conhecimentos, nada foi feito sozinha, tudo partiu da coletividade. O asé, energia vital do povo Iorubá, é um movimento de compartilhamentos, uma coreografia que só é possível em uma relação de troca.

E foi nesta energia de troca que vivenciamos as folhas, o chão, a terra e as obras de arte. Cada obra foi relacionada com uma folha, um gesto, uma memória. Fomos experimentando o tempo/espaço a partir de uma filosofia candomblecista, onde tudo é no seu tempo porque Tempo também é Orixá.

Registro da visita © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Tempo é Orixá, e não se tem Orixá sem folhas, por isso o contato com obras de arte que fabulam sobre a relação corpo-natureza-água foi ponto de partilha para nossas andanças, entender que a terra é extensão do nosso espírito é sentir a energia dos Orixás. Mais do que explicar como essa energia se manifesta, procuramos entender como reconhecê-las para além de prejulgamentos e concepções colonialistas. Nessas andanças escolhemos o caminho do afeto, de tudo que afeta e tudo o que significa para as nossas corpas.

Nada foi feito sozinha, e a forma escolhida de compartilhar essa energia foi através do escalda pés, tecnologia de cura ancestral, elemento que junta a corpa, a folha, a água e a terra. Utilizamos ervas de acalmar Orí (cabeça): peregun, boldo e manjericão.

Corpo-água
Que se movimenta em terra
E vira folha do tempo

    •  Oríkì – tipo de poema, ditado –  que traz em si as características dos Orixás