35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Vista de obra de Tadáskía durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Tadáskía

Logo no início de Ave preta mística (2022), o primeiro livro de páginas soltas de Tadáskía, a artista anuncia que as palavras que vêm na sequência são dedicadas a suas aliadas. Orientando-nos durante a revoada, ela se apresenta como uma irmã e corporifica a ave que se dirige aos membros de sua confraria. Ela está entre nós, porém a vibração altiva de suas palavras sobressai a seu tom amável e a posiciona como a matriarca do bando, “the mother of the house” [mãe da casa]. Nós nos unimos a ela em seu voo onírico e, como se fosse uma prece, a cada mudança de página, a cada batida de asa, percebemos em seus versos que uma vida sem amarras é um exercício constante e coletivo.

A obra se divide em escritos bilíngues, com referências à pensadora feminista negra Audre Lorde, e desenhos de diferentes cores e espessuras, que parecem “plumagens arrepiadas”. As linhas tortas e curvas traçadas naquelas folhas, seja em seus versos ou em seus desenhos, são o gesto matriz de Ave preta mística. A alternância entre os escritos e as páginas com imagens coloridas dá a forma e o ritmo da narrativa. Como a formação de uma revoada, cada parte do livro é uma expressão singular: são elementos que se relacionam e se reconfiguram a cada nova passagem.

Para a 35ª Bienal de São Paulo, além de apresentar as páginas do livro espacializadas em uma sala, Tadáskía exibirá um grupo de trabalhos que deriva de materiais usuais em sua produção: são três esculturas feitas de bambu, palha e taboa, semelhantes na forma, mas com elementos diferentes em suas bases – na primeira delas, um prato com ovos costurados; na segunda, uma seleção de frutas que deve ser consumida pelo público e pela equipe da instituição ou ser renovada antes de se deteriorar; na terceira, uma quantidade de pó facial de diferentes cores. Na parede interna da sala, Tadáskía exibirá um desenho de grande dimensão feito de pastel seco e carvão.

thiago de paula souza

Tadáskía (Rio de Janeiro, Brasil, 1993. Vive no Rio de Janeiro) trabalha com desenho, fotografia, instalação e têxtil, criando paisagens imaginadas e místicas. Através de sua pesquisa e produção, ela busca elaborar também as experiências imaginativas da diáspora negra em torno de encontros familiares e estrangeiros. Entre suas exposições recentes estão: 37º Panorama da Arte Brasileira (São Paulo, Brasil), Institute for Studies on Latin American Art (Nova York, EUA), Triangle Astérides (Marselha, França), Framer Framed (Amsterdã, Holanda). Os trabalhos de Tadáskía fazem parte da coleção do Instituto Inhotim (Brumadinho, MG, Brasil), Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, Brasil), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Institute for Studies on Latin American Art, Instituto Cultural Çarê (São Paulo, Brasil), além de coleções privadas.