35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Vista de obra de Senga Nengudi durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Senga Nengudi

É a partir de duas obras concebidas em um período de quase trinta anos, o tríptico Masked Taping [Fita adesiva/mascarada] (1978-1979) e a videoinstalação Warp Trance [Trama em transe] (2007), que Senga Nengudi responde à provocação curatorial da 35 a Bienal − coreografias do impossível. De inegável relevância histórica, suas obras promovem a re/de/composição radical das coreografias com as quais eram elaboradas as implicações entre artes visuais e política. No contexto de suas primeiras produções, o mergulho da artista na abstração transbordou a ecologia simbólica que sitiava o que era reconhecido como arte afro-americana, e o gesto da artista demandou que os ambientes das artes fossem afetados pelo que se apresentava fora dos limites estabelecidos pelas categorias da representação. 

Nengudi aposta em práticas coletivas, estratégias de engajamento, intervenções estéticas territorialmente situadas e no que define como reflexões abstraídas de corpos usados.1 Na pesquisa de materiais efêmeros e profundamente assentados em usos cotidianos, como meias-calças de segunda mão da famosa instalação R.S.V.P. (1997/2003) ou a fita adesiva branca com a qual a artista mascara seu corpo em Masked Taping, Nengudi trabalha os múltiplos usos da matéria transformada. Na performance, o corpo em movimento íntimo com a matéria ordinária atualiza a dimensão do rito, e percebe-se o tríptico Masked Taping como a presentificação de um rastro de memória ancestral, a artista dançando para incorporar uma herança transcultural. Em Warp Trance, a profunda implicação do material utilizado com o campo social persiste; desta vez, a máquina é quem dança e opera a modificação da matéria. Projetada em cartões Jacquard, invenção que revolucionou a padronagem de tecidos, a obra abre uma fenda de imagens em composições abstratas inicialmente ruidosas, que ganham ritmo, embalando sonoramente a sobreposição de texturas e, por fim, de cores. Experimentamos a duração da confecção da linha em tecido, em dimensões poéticas, como uma espécie de reflexão sensual sobre o tempo. 

cíntia guedes

Senga Nengudi (Chicago, IL, EUA, 1943, vive em Colorado Springs, CO, EUA) é a vencedora do Prêmio Nasher de Escultura 2023. Exposições individuais recentes incluem Dia Art Foundation (Beacon, NY, EUA), Philadelphia Museum of Art (PE, EUA), Denver Art Museum (Denver, CO, EUA), Museu de Arte de São Paulo (Brasil), Lenbachhaus (Munique, Alemanha), Henry Moore Institute (Leeds, Inglaterra), Baltimore Museum of Art (MD, EUA) e Institute of Contemporary Art, Miami (2017, EUA). Exposições coletivas recentes incluem Museum of Modern Art (Nova York, EUA), Hammer Museum (Los Angeles, EUA), Migros Museum für Gegenwartskunst (Zurique, Suíça), Mori Art Museum (Tóquio, Japão), Walker Art Center, (Minneapolis, MN, EUA), Museum of Contemporary Art (Chicago, IL, EUA), National Gallery of Art (Washington, DC, EUA), Brooklyn Museum (Nova York, EUA) e a 57ª Bienal de Veneza (Itália).

1. Esta definição encontra-se em “Declaração sobre trabalhos com malha de náilon”, de 1997, publicada no catálogo Senga Nengudi − Topologias. Munique; São Paulo: Lenbachhaus; masp, 2020, p. 117.