35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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Vista da Sauna Lésbica, por Malu Avelar com Ana Paula Mathias, Anna Turra, Bárbara Esmenia e Marta Supernova, durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Sauna Lésbica por Malu Avelar com Ana Paula Mathias, Anna Turra, Bárbara Esmenia e Marta Supernova

Quando questionada sobre sua obra Sauna lésbica, Malu Avelar responde, cruzando memórias pessoais e coletivas, que não há como pensá-la sem a compreensão de seu corpo e do lugar de onde ela veio. Retomando questões que perpassam seus marcadores de identidade, Malu ressalta as formas como reage a um território que estruturalmente violenta, muitas vezes de modo silencioso, tudo aquilo que dele se diferencia. “Estruturada em um modelo binário de gênero, essa é uma cidade que leva as pessoas de outras identidades a viver em permanente estado de alerta e de vulnerabilidade”.1 E esse silencioso habitar a morte iminente somado ao questionamento sobre as saunas gays − “imagine se existisse uma sauna lésbica?”2 −, o encontro que teve com artistas sapatões durante a residência artística PlusAfroT/Alemanha3 e o desejo de assentar seu corpo levaram a artista à proposição desse trabalho. 

A obra, que teve sua primeira edição em 2019 no Festival Internacional Valongo, em Santos (SP), é relacional, instalativa e traz em sua fachada um letreiro em neon: Sauna lésbica. Cabe lembrar que a lesbianidade foi construída com base em políticas de esquecimentos e silenciamentos, sendo nas últimas décadas reivindicada por um sentido coletivo e politizado. Com base em negociações e ações provocativas de artistes convidades, Malu Avelar com Ana Paula Mathias, Anna Turra, Bárbara Esmenia e Marta Supernova propõem um projeto coletivo e transformam a obra em um espaço a ser coreografado por aqueles que o ocupam. Um espaço que se organiza em torno do desejo de encontros que atravessam os limites visíveis e invisíveis que impedem as existências dissidentes e conformam os seus estereótipos. Através de um exercício de abstração e imaginação radical a instalação tensiona as contradições das políticas identitárias ao mesmo tempo que celebra a presença de mulheres pretas lésbicas e sapatonas: um espaço de escutas, fabulações, de deslocamentos de subjetividades e de performatividade dos corpos em contato com a Sauna

barbara copque

Sauna Lésbica por Malu Avelar com Ana Paula Mathias, Anna Turra, Bárbara Esmenia e Marta Supernova é um projeto coletivo que busca transformar a instalação – que teve sua primeira edição apresentada no Valongo Festival Internacional da Imagem, em Santos (SP) em 2019 – em um espaço a ser coreografado por aqueles que o ocupam, um lugar seguro e celebração para corpos dissidentes.

1. Malu Avelar em conversa gravada com a autora.
2. Ibid.
3. A residência PlusAfroT aconteceu em 2019 na Villa Waldberta, em Munique, Alemanha. Disponível em: amlatina.contemporaryand.com/ pt/editorial/plusafrot/. Acesso em jun. 2023.