35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
A+
A-
35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
Menu
Vista de obras de Rolando Castellón durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Rolando Castellón

“Minha religião é a natureza e o museu, minha igreja”, declara o artista Rolando Castellón, uma das grandes referências da arte na América Central. Nascido na Nicarágua e com fortes laços com a Costa Rica, Castellón iniciou sua vida artística a partir de uma lembrança, a de sua tia Rosa, que costumava desenhar com a ponta de uma vassoura no chão de sua casa, depois de varrê-lo e molhá-lo com água. Herdeiro daquele gesto, durante muitos anos, Castellón formou seu itinerário de rituais e poéticas, e a lama e todo objeto inerte descartado ou substância viva, de origem vegetal ou animal, eram sua matéria-prima. As caminhadas na praia ou na cidade, sua aguda observação, a coleção de objetos e elementos desvalorizados levados para seu estúdio, os efeitos do clima, o abandono, a escuridão, a presença de vermes e os ciclos das plantas, são as dinâmicas que ele usa para moldar estratégias performáticas. 

Na impossibilidade de reduzir seu trabalho a um único projeto, a presença de Castellón nesta edição da Bienal de São Paulo consiste em uma seleção − ou melhor, um inventário − de obras. No espaço expositivo estão depositados apenas fragmentos de um universo extraordinário, que inclui o que ele chama de “objetos encontrados”, bem como desenhos feitos com lama, imagens e composições nas quais o acidental impera. Mas o todo não compõe algo simples ou meramente naturalista. Em toda a obra de Castellón estão embutidas a ironia e os paradoxos dos possíveis diálogos entre as culturas industriais e a natureza, a história pré-colombiana e pós-colombiana e a contemporaneidade. Esse corpus de múltiplos trabalhos também identifica uma produção artística cuja ética se baseia na peculiaridade dos materiais, sua harmonia visual, seu poder conceitual e o respeito pelo contexto físico e natural. Como um observador atento do micro, Castellón explora a plasticidade e a harmonia visual de folhas secas, cadáveres de insetos, sementes ou espinhos, para reintroduzi-los no regime do simbólico e do ritualístico. 

rossina cazali
traduzido do espanhol por ana laura borro

Rolando Castellón (Manágua, Nicarágua, 1937. Vive em Costa Rica) é artista, curador, editor, gestor, colecionador e desenhista com tendências acumulativas. Ele foi curador do Museu de Arte Moderna de San Francisco, Estados Unidos (1972-1981), e do Museu de Arte e Design Contemporâneo da Costa Rica (1994-1998). Ele também recebeu o título de “maestro”.