35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
A+
A-
35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
Menu
Vista de performance No que pensam os pés quando longe da bola, de Ricardo Aleixo durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Ricardo Aleixo

Ricardo Aleixo compõe poemas, performa palavras, dança ideias e vocaliza imagens. Seu trabalho destrincha a inter-relação dos códigos nos processos – não necessariamente lineares – de criação. No entanto, a ideia de códigos é insuficiente, porque, antes da palavra, a letra pode expressar não uma linguagem, e sim várias: a imagem, a vocalização e seu som. Nas palavras do próprio poeta, “escutar a letra e escrever a voz” é a síntese do que é sua obra e atuação artística. 

A poesia de Ricardo Aleixo, que se dedica ao ofício há mais de quarenta anos, se conecta com o dia a dia, mas não só. Informa afetos, mas não só. Ela é/pode ser o próprio sentimento; pode narrar um sonho ou ser ela mesma o sonho. Ao “Palavrear”, abre os caminhos para que possamos perambular pelo labirinto que ele conhece “por tê-lo / de cor na ponta dos pés”. Nesse percurso, a paisagem de suas “composições” é continuamente alterada pelos contextos, reais e históricos, que impõem contingências ao poeta, ao indivíduo, ao local onde habita e à língua que fala. 

Aleixo atualiza o conceito utilizado pelos poetas concretos a partir da obra de James Joyce e chama sua poesia de “reverbivocovisual”, trabalhando a dimensão escrita, visual e sonora. O corpo soma-se a isso como instrumento que emula, incorpora, apresenta e até carrega a poesia. E nesse corpo poético tudo é expressão, como nas performances com o “poemanto”, uma espécie de parangolé com o qual ele faz as “corpografias”. 

pérola mathias

Ricardo Aleixo (Belo Horizonte, MG, Brasil, 1960. Vive em Belo Horizonte) é artista intermídia e pesquisador de literaturas, outras artes e mídias. Recebeu da UFMG, em 2021, o título de Notório Saber, equivalente ao grau de doutor. Tem dezoito livros publicados, dentre os quais se destacam Modelos vivos (2010) e os mais recentes, Extraquadro (2021, um dos 5 finalistas do Prêmio Jabuti 2022), Sonhei com o anjo da guarda o resto da noite (2022) e Campo Alegre (2022). Suas obras mesclam poesia, prosa ficcional, filosofia, etnopoética, antropologia, história, música, radioarte, artes visuais, vídeo, dança, teatro, performance e estudos urbanos. Já fez performances em quase todos os estados brasileiros e nos seguintes países: Argentina, Alemanha, Portugal, EUA, Espanha, México, França, Suíça e Angola. Tem obras expostas nas mostras permanentes Rua da Língua e Falares (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, Brasil)