35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Pauline Boudry / Renate Lorenz, Moving Backwards [Mover-se para trás], 2019.
Still de vídeo. Cortesia de Ellen de Bruijne Projects Amsterdam e Marcelle Alix Paris

Pauline Boudry / Renate Lorenz

Paredes, pisos, tecidos, persianas e vidros. Luz e fumaça. Superfícies escuras e opacas, foscas, brilhosas, transparentes ou semirreflexivas. Caixas pretas recortadas pelo enquadramento do olho de vidro da câmera, que também dança. Correntes e perucas em locais improváveis, sapatos coloridos, invertidos, mirando duas direções simultaneamente. A frente é o verso é a frente é o verso. A edição vai e vem, sorrateira, espelhando a linha do tempo sem jamais revelar seus pontos de virada. O fim é o início é o fim é o início. Assim é o deslocamento coreográfico dessas peças: multidirecional. Exercícios para despistar o olhar que, condicionado à linearidade, espera encontrar tempo progressivo e continuidade espacial. Ensaios para guerrilha e fuga na pista de dança portátil que são os corpos. Permanecer na sombra por escolha, desaparecer. Voltar o foco de luz para fora, ofuscar o olhar de quem vê. 

As videoinstalações apresentadas por Pauline Boudry e Renate Lorenz experimentam espaço-temporalidades não mensuráveis pela física newtoniana. A linearidade progressiva e hierárquica (algo sempre fica atrás, ou abaixo, ou no passado), que rege a visão moderna sobre a matéria, entra em colapso. Tanto o movimento das performers como os elementos visuais e fílmicos dos trabalhos são regidos por paradoxos fundamentais às vidas minoritárias: a congruência entre hipervisibilidade e opacidade, transparência e reflexividade. Aqui é possível se mover simultaneamente em mais de uma direção. Corpos fílmicos e corpos dançantes desconfiguram os condicionamentos político-culturais preestabelecidos e aproximam-se da dinâmica subatômica que também os constitui. Adentramos a esfera quântica, na qual tudo existe em inesgotáveis dimensões se movendo em infinitas direções; onde tudo é essencialmente não localizável e, por isso, incapturável; onde se pode, finalmente libertos das amarras do tempo, imaginar outros mundos. 

miro spinelli

Pauline Boudry / Renate Lorenz são uma dupla de pessoas artistas que trabalham em conjunto desde 2006. Produzem instalações cinematográficas que revisitam materiais recentes e passados (uma partitura, uma peça musical, um filme, uma fotografia ou uma performance), com foco especial em uma história crítica da própria imagem fotográfica e em movimento. A dupla trabalha com performance para criar trabalhos capazes de combinar diferentes épocas e, com frequência, cria colaborações ilegítimas – em parte fictícias, em parte intertemporais.

Esta participação é apoiada por Fundação Suíça para a Cultura Pro Helvetia América do Sul e Consulado Geral da República Federal da Alemanha.