35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
A+
A-
35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
Menu
Vista de obras de Mounira Al-Solh durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Mounira Al Solh

Em décadas recentes, as guerras em curso no Líbano e na Síria pairam sobre a obra de Mounira Al Solh. Ao contato com migrantes e pessoas deslocadas, ela responde com uma prática conversacional frenética, que reconecta todos esses indivíduos que adquiriram status diaspórico pelo distanciamento de sua terra natal. Por meio desses encontros, uma língua cotidiana, popular, que carrega vestígios de experiências biográficas, emerge como matéria-prima da artista, partindo o corpo político anteriormente unificado que a língua árabe poderia ter representado em infinitas histórias, contadas por pessoas ao redor do mundo. 

Cada obra de Al Solh exala uma patologia não declarada do exílio. Vídeos, patchworks e performances costuram fragmentos coletados durante as conversas e sua experiência nômade. Um exemplo emblemático é Lackadaisical Sunset to Sunset [pôr do sol a pôr do sol] (2022), pequeno tapete que a artista estendeu ao longo do tempo nos diferentes lugares em que viveu, recolhendo fragmentos e marcas de uma vida cotidiana. Como muitos de seus trabalhos, o resultado é absolutamente terapêutico e insiste na dimensão patológica e na condição daqueles representantes de uma cidadania global marcada pela exclusão e pela vida precária. 

Em séries de patchworks como Sama’ / Ma’as (2014-2017), Al Solh apresenta a arbitrariedade radical que, ao desestabilizar sentidos fixos, faz as palavras funcionarem como signos polissêmicos. As obras dessa série enfatizam a fonética – e, portanto, o performativo e o iterativo –, como se uma vida precária fosse uma vida a ser vivida por meio de identidades mutantes e heterogêneas. O desejo pelo coletivo e uma agência feminista com frequência redimem as consequências dramáticas de guerras e de exílios. 

carles guerra
traduzido do inglês por gabriel bogossian

Mounira Al Solh (Beirute, Líbano, 1978. Vive entre Beirute e Amsterdã, Holanda) é uma artista visual que abrange diferentes mídias, como vídeo, pintura, desenho, texto, bordado e performance. Nos últimos anos, a artista participou de exposições no Museumsquartier Osnabrück (Alemanha), BALTIC Centre for Contemporary Art (Gateshead, Inglaterra), Mori Art Museum (Tóquio, Japão), Jameel Arts Centre (Dubai, EAU), Mathaf: Museu Árabe de Arte Moderna (Doha, Qatar) e The Art Institute Chicago (IL, EUA). Ela também participou de exposições coletivas, incluindo a Sharjah Biennial 9 e 15 (EAU), Busan Biennale (Coreia do Sul), ROZENSTRAAT (Amsterdã, Holanda), Musée National de Pablo Picasso-La Guerre et la Paix (Vallauris, França), Palais de Tokyo (Paris, França), Van Abbemuseum (Eindhoven, Holanda), Documenta 14 (Kassel, Alemanha e Atenas, Grécia); 52ª e 56ª Bienal de Veneza (Itália); New Museum Triennial (Nova York, EUA) e 11ª Bienal Internacional de Istambul (Turquia), entre outros.