35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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2023
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Vista da obra Rewe Rashūiti de MAHKU durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

MAHKU

Desde 2013, quando foi fundado por Isaías Sales (Ibã), Txaná dos cânticos Huni Meka, e seus filhos Acelino, Bane e Maná, o Movimento dos Artistas Huni Kuin vem estabelecendo uma iconografia singular, cujas soluções formais permitem uma rápida identificação. Caracterizadas pela presença de figuras humanas e não humanas, integradas por uma complexa trama gráfica que reflete a estrutura das pinturas corporais ao mesmo tempo que reservam pequenas áreas de cores intensas, a pintura do MAHKU dispensa as codificações ocidentais: renuncia à mimesis, à perspectiva, às regras de proporção e à técnica canônica, para se comprometer unicamente com às forças de miração, experiências de visões estimuladas pela ingestão de ayahuasca durante os rituais de nixi pae. As pinturas podem apresentar também traduções de narrativas míticas e histórias ancestrais, descritas nos cânticos rituais, cujo aspecto comum é a presença viva dos entes da natureza e a relação de continuidade entre eles. Resulta desses procedimentos uma combinação de formas e cores, que reacende o problema do movimento em pintura, deslocando-o do terreno da ilustração para o da experiência interior (que Ibã chama de “arte espiritual”), e procuram dar conta dos diferentes ritmos de narração dos mitos nos cantos. 

Na iconografia Huni Kuin, a área de imprecisão entre o sonho e o mito é frequentemente marcada por uma moldura que se adapta ao suporte trabalhado, assegurando a autonomia da história e garantindo sua livre manifestação. No perímetro da miração, não há hierarquias entre os entes representados e a fratura entre abstração e figuração perde todo sentido. O que encontramos é o resultado de uma imagem-processo, realizada por muitas mãos, a partir do diálogo e do aprendizado entre os envolvidos, cujo objetivo final é a cura, tanto de quem a realizou quanto do observador que a acessa, transformando-a em experiência espiritual. 

renato menezes

MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), fundado em 2013, é um coletivo de artistas baseado entre o município de Jordão e a aldeia Chico Curumim, na Terra Indígena Kaxinawá do rio Jordão, estado do Acre, Brasil. O coletivo é um dos principais agentes no cenário da arte contemporânea brasileira e é composto pelos artistas Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Mana Huni Kuin, Acelino Tuin e Kássia Borges.