35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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2023
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Vista de obras de Judith Scott durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Judith Scott

Judith Scott realizou suas primeiras esculturas em 1988. Embora as formas de seus trabalhos tenham se tornado mais complexas ao longo do tempo, todas elas compartilhavam um princípio semelhante: uma estrutura central de objetos encontrados, envoltos em um entrelaçado de fios de novelos de lã, de tiras de tecidos fibras e outros elementos do cotidiano. Por vezes, suas composições coloridas são estruturas abertas, que revelam o número infinito de extensões de materiais subjacentes em seu interior. Em outros momentos, os fios estão entrelaçados em estruturas compactas e labirínticas, e suas entranhas só podem ser reveladas mediante processos radiográficos. 

Em mais de uma década e meia de produção incansável, a artista jamais deu título às suas obras. Não indicou como esses trabalhos deveriam ser exibidos e sequer registrou seus pensamentos sobre seu trabalho artístico. Na ausência de uma narrativa, quando Scott começou a atrair a atenção da crítica, uma série de rótulos e tentativas de interpretação gravitou em torno de seus trabalhos. Muitas desses indícios se apoiaram no que estava para além do entorno artístico, recorrendo à sua biografia incerta ou à redução de sua prática a classificações preconcebidas. 

No entanto, precisamente por serem inescrutáveis, suas obras – que permeiam o mágico e o cotidiano, o visível e o oculto – resistem à classificação. Estão inscritas no enigma, naquelas coreografias impossíveis que escapam da rigidez do unívoco e nos lembram que o significado de um objeto artístico sempre permanece inacabado e incompleto: irredutível a determinado discurso, determinada imaginação ou sistema de mediação. 

beatriz martínez hijazo
traduzido do espanhol por ana laura borro

Judith Scott (Cincinnati, OH, EUA, 1943 – Dutch Flat, CA, EUA, 2005) foi escultora. Nasceu com síndrome de Down e, aos sete anos de idade, foi institucionalizada, permanecendo isolada por mais de trinta anos. Posteriormente, foi diagnosticada com surdez, não desenvolvendo linguagem oral. Não teve direito à educação. A criação de seus trabalhos se deu ao longo de dezessete anos, após sua estada no Creative Growth Art Center (Oakland, CA, EUA). Suas obras já foram exibidas em espaços como Brooklyn Museum e MoMA (Nova York, EUA).