35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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Vista da instalação de Grupo de Investigación en Arte y Política (GIAP), na 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Grupo de Investigación en Arte y Política (GIAP)

 Grupo de Investigación en Arte y Política (GIAP) [Grupo de Pesquisa sobre Arte e Política] foi fundado em 2013 no México pela teórica e curadora chilena Natalia Arcos Salvo e pelo sociólogo italiano Alessandro Zagato. O grupo produz publicações, exposições e palestras sobre estética e autonomia, e desde 2017 também organiza residências para artistas e acadêmicos em Chiapas.

O interesse do grupo reside na poética que surge dos movimentos sociais com raízes indígenas. Essa pesquisa militante concentrou-se nos dispositivos que constituem a implantação estética do Exército Zapatista de Libertação Nacional, o EZLN, um corpus que é interpretado como um elemento central tanto da ética e da estrutura política zapatista quanto da ação autônoma de suas comunidades. O EZLN é um movimento guerrilheiro indígena de alto impacto global que, em profunda consonância com usos e costumes ancestrais, define comunitariamente a originalidade que o caracteriza: porta-vozes, comunicados, roupas, ações, palavras e obras de arte configuram um imaginário que funciona como uma arma de sedução em massa. 

No zapatismo, a estética e a poética desempenham um papel orgânico dentro da política revolucionária do movimento. Um exemplo maravilhoso dessa fusão é a grande performance em massa que ocorreu em 21 de dezembro de 2012, quando os zapatistas mobilizaram 45 mil de seus membros, ocupando de surpresa e pacificamente as mesmas cidades de Chiapas que haviam tomado à força em 1994. Esse evento encenado marcou o reaparecimento do EZLN na esfera da mídia,1 com a intenção de mostrar a definição ampla de sua autonomia. Isso aconteceu no mesmo dia proclamado pela mídia como o dia do “fim do mundo”, de acordo com o calendário maia. Mas, com essa coreografia, os zapatistas anunciaram nesse momento o início de uma nova era para os povos oprimidos.

Agora, o GIAP traz pela primeira vez – não só ao Brasil, mas também à América do Sul – outras artes zapatistas que narram seus processos de resistência e disseminam a prática da autonomia, tendo como centro os Caracoles, os Conselhos de Bom Governo e toda a construção desse outro mundo possível: bordados, pinturas, danças e ações milicianas. Porque nas montanhas do sudeste mexicano as baleias estão dançando há muito tempo.3 

natalia arcos salvo
traduzido do espanhol por ana laura borro

1. Os zapatistas guardavam silêncio na mídia desde 2008, longe de câmeras e microfones para estabelecer as bases do Bom Governo autônomo.
2. A Marcha do Silêncio não teve discursos nem proclamações. Somente no dia seguinte apareceu um comunicado do ezln na forma de um poema: vocês ouviram? / É o som do seu mundo desmoronando. / É o som do nosso mundo ressurgindo. / O dia que foi o dia era noite. / E a noite será o dia que será o dia. / democracia! / liberdade! / justiça!
3. Comunicado do festival de dança zapatista, jan. 2017. Disponível em: enlacezapatista.ezln. org.mx/2019/12/15/baila-una-ballena/.

GIAP (Grupo de Investigação em Arte e Política) (México, 2013) foi fundado pelo sociólogo italiano Alessandro Zagato e a teórica de arte chilena Natalia Arcos. Trabalhando juntos, eles realizaram exposições e pesquisas relacionadas à estética e autonomia. Além disso, o GIAP tem organizado residências para artistas e acadêmicos em Chiapas desde 2017. Seu interesse principal é investigar o significado das expressões poéticas que surgem dentro dos movimentos sociais, com ênfase especial naqueles enraizados nas comunidades indígenas.