35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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2023
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Vista de obra de Elena Asins durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Elena Asins

No final da década de 1960, Elena Asins começou a desenhar estruturas que se desdobram silenciosamente em uma superfície bidimensional; às vezes, a artista desenvolvia um elemento modulado com base em uma sequência e um ritmo específicos, exigindo que o espectador fizesse uma reconstrução mental que tensionava e ampliava o limite do papel ad infinitum. A linha – o desenvolvimento de um ponto – descobre seu potencial dimensional ao virar, ao girar: ela dança, ela soa? De fato, para Asins, o que é desenhado é tão relevante quanto o que é pensado e não dito, conectado como está ao pensamento de Wittgenstein. 

Ela mesma apontou o cruzamento de seu trabalho com a música (além da literalidade dos títulos que evocam os Quartetos prussianos de Mozart ou a estrutura do cânone de Bach). De acordo com Javier Maderuelo: “Sua arte é musical não apenas porque suas formas plásticas têm uma relação de semelhança estrutural com certos desenvolvimentos composicionais na música, mas também porque, como a música é imaterial, ela é puro processo mental”.

Se pelo menos desde a Grécia clássica a música é escrita com signos a serem interpretados – notas mudas para os não alfabetizados –, a alfabetização é supérflua na obra de Asins, uma vez que seus signos carecem de um código consensual; suas estruturas disciplinadas, desenvolvidas com rigor, permitem que sejam traduzidas em conceito, expandindo assim a autoria em direção ao leitor. São poemas visuais ou partituras – concebidos em um sentido performativo, aberto e sonoro que vem do Fluxus – nos quais o espaço e o tempo se tornam visíveis com signos linguísticos muito simples, quase leves, inscritos em preto e branco de forma minimalista: porque nada mais é necessário. De fato, em 2023, Cantos de Orfeo (1970), uma partitura inédita dedicada ao artista Eusebio Sempere, foi executada pela primeira vez na Espanha, interpretada pelo Trío Poesía Acción H,GLAJERU;G e pelo CoroDelantal. Sinais incorporados em corpos que soam e se movem no espaço e no tempo. 

isabel tejeda
traduzido do espanhol por ana laura borro

Elena Asins (Madri, Espanha, 1940 – Azpíroz, Espanha, 2015) foi artista, escritora e crítica de arte. Realizou mais de quarenta exposições individuais em diversos países e escreveu e publicou ensaios sobre poesia estética e experimental em publicações especializadas em arte na Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos. Suas obras fazem parte da coleção do Museo Reina Sofía (Madri, Espanha).

Esta participação é apoiada por Acción Cultural Española (AC/E) e Embaixada da Espanha no Brasil.

1. Javier Maderuelo, “Menhir dos”, in Elena Asins: Menhir dos. Ayuntamiento de Madrid, 1995.