35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Vista da instalação de Denilson Baniwa na 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Denilson Baniwa

A organização linear do tempo tal como concebida pela Europa moderna, movida pelas noções de progresso e de não retorno, é incompatível com as concepções do tempo entre as culturas ameríndias. Determinada pela interação entre o corpo e a natureza, organizada através da observação empírica das transformações do meio, a experiência do tempo indígena se assenta, em geral, em fundamentos míticos, que se reinscrevem na vida cotidiana através dos ritos. Entre esses ritos está o da transmissão do conhecimento e o da partilha dos afetos, que, no mundo ocidental, chamamos educação. É baseado no entendimento da educação como um processo não linear, processual e coletivo, que Denilson Baniwa vem, nos últimos anos, investigando formas de introdução de temporalidades indígenas em instituições artísticas não indígenas.

Um dos mais destacados artistas de sua geração, Denilson Baniwa propõe, em sua obra, uma reelaboração da ideia de arquivo como instrumento pedagógico de reflexão e de fábrica da história. Desde seus trabalhos iniciais, de intervenção sobre gravuras produzidas no contexto da colonização das Américas, até os trabalhos mais recentes, de caráter instalativo e participativo, Baniwa realiza intromissões no arquivo com o objetivo de tensionar e fragilizar o tempo acelerado da conquista e da colonização e fazer emergir o tempo da reflexão, da espera e da escuta. Em obras mais recentes, como Nada que é dourado permanece, hilo, amáka, terra preta de índio (2021), Ygapó – terra firme (2022) e Escola Panapaná (2023), o artista investe no estímulo à relação e ao contato, resgatando a imagem do cultivo da roça e da vida na floresta como métrica do tempo e metáfora da educação.

Em Kwema/Amanhecer, Denilson Baniwa aprofunda sua pesquisa sobre a integração entre obra e comunidade, complexifica os procedimentos técnicos que permitem a passagem do campo da representação para o da vivência e faz aparecer a possibilidade da colheita e da alimentação como efetivação do ato da partilha e da reelaboração da memória.

renato menezes

Denilson Baniwa (Barcelos, AM, Brasil, 1984. Vive em Niterói, RJ, Brasil) é artista visual, publicitário e defensor dos direitos indígenas. Através de palestras, oficinas, cursos e diversos meios como revistas, filmes e séries de TV, ele contribui para a construção de uma imagética indígena. Expôs seu trabalho em instituições como a Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ, Brasil), 4º Festival Corpus Urbis (Oiapoque, AP, Brasil), Centro Cultural Banco do Brasil, Pinacoteca de São Paulo, MASP, Centro Cultural São Paulo, Museu Afro Brasil (São Paulo, SP, Brasil), Centro de Artes Hélio Oiticica, Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e Bienal de Sydney (Austrália). Recebeu o Prêmio Pipa em 2019 e curou exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil) e no Getty Museum (Los Angeles, EUA).