35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
A+
A-
35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
Menu
Vista da instalação Habitar el color, de Carlos Bunga, durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Carlos Bunga

Quando o assunto da conversa for a escala dos trabalhos de Carlos Bunga, teremos sempre um lugar animado. Primeiro, por uma razão óbvia, porque o tema chega a ser comum no contexto da site-specific art e da instalação. Mas o verdadeiro motivo reside na singularidade gravitacional dos corpos em questão. Há aproximadamente duas décadas, Bunga vem construindo e destruindo uma obra cujos eixos evanescentes insistem em bagunçar as noções de grandeza e de medida no espaço-tempo. A monumentalidade da cor, por exemplo. Para ir além da pintura e da tela, a cor precisará de uma pele (Superfície cutânea, 2015), e de uma poética de explosão-expansão através do continuum sensorial. Será possível, assim, Habitar el color [Habitar a cor] (2015-em processo) obra que espalha no chão uma enorme área de tinta e convida o público a tirar os sapatos e entrar nela, a ver a cor com os pés, a sentir, na própria pele, a pele. Se um dia a cor se quis eterna nos quadros dos grandes mestres, nesta obra ela se mostra tão esplendorosamente apodrecível quanto nossa carne. 

Em outros espaços expositivos, Bunga será visto na labuta de levantar estruturas grandiosas utilizando papelão e fita adesiva como suporte em suas instalações, que às vezes se transformam em palco para performances de dança (Occupy, 2020). Interessa-lhe a estrutura bamba que anuncia com clareza a coreografia de sua própria ruína; pôr montagem e desmontagem em processo de retroalimentação. Interessam-lhe essas zonas intersticiais onde as medidas escapam à racionalidade suméria e indo-arábica – ao dez e ao sessenta, ou mesmo às onze dimensões da física/mística contemporânea. A quais sistemas teremos de recorrer se ainda quisermos insistir na tarefa de narrar e contar o Universo? Os passos de Bunga – a sua dança – descrevem, se não respostas, a coragem para seguir em movimento diante daquelas três questões fundamentais de nosso sempiterno big bang: quem? De onde? Para onde?

igor de albuquerque

Carlos Bunga (Porto, Portugal, 1976. Vive em Barcelona, Espanha) cria obras-processo em vários formatos, como esculturas, pinturas, desenhos, performances, vídeo e, sobretudo, instalações in situ que intervêm na arquitetura do seu entorno. O trabalho de Carlos Bunga tem sido exposto em importantes museus e centros de arte internacionais, como o Museo Reina Sofía (Madri, Espanha), Museu de Serralves (Porto, Portugal), Museo Universitario de Arte Contemporáneo MUAC-UNAM (Cidade do México), Whitechapel Gallery (Londres, Inglaterra), Secession (Viena, Áustria) e 29ª Bienal de São Paulo (Brasil), entre outros.

Esta participação é apoiada por República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes.