35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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Vista de obras de Archivo de la Memoria Trans (AMT) durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Archivo de la Memoria Trans (AMT)

O Archivo de la Memoria Trans (AMT) visa proteger, construir e recuperar a memória da comunidade trans por meio de fotografias, vídeos e recortes de jornais e revistas. Criado na Argentina e com uma coleção de aproximadamente 15 mil peças, o arquivo vive e cresce a cada dia através de doações. Desafiando as narrativas predominantes, o AMT serve como repositório de uma memória coletiva deliberadamente apagada, lembrando a sociedade das experiências de pessoas trans, que sofreram negligência do Estado e enfrentaram incompreensão e hostilidade da sociedade. 

O Archivo surgiu com as ideias visionárias das ativistas María Belén Correa e Claudia Pía Baudracco. Após o falecimento de Claudia em 2012, María Belén embarcou no desenvolvimento do projeto. Ela criou um grupo no Facebook, Archivo de la Memoria Trans, com o objetivo de se conectar com as pessoas envolvidas nessa história de luta. Em 2018, o grupo tinha mais de mil mulheres trans participantes, tanto argentinas quanto estrangeiras. A ideia inicial do projeto era reunir as companheiras, suas memórias e suas fotografias, preservando esse material primeiro em uma biblioteca e depois em um espaço virtual. Em pouco tempo, esse objetivo se alargou e logo se tornou um esforço coletivo para construir a memória comum. 

O AMT tem um forte significado como um lugar de memória e preservação, além de ser outra forma de ativismo.1 Ele serve ao duplo propósito de construir um arquivo que lança luz sobre a vida e as alegrias das pessoas trans, ao mesmo tempo que registra os desafios enfrentados pela comunidade na Argentina. O conteúdo é acessível ao público em geral por meio de várias plataformas on-line, promovendo um espaço inclusivo para engajamento, discussão e ação sobre identidade e resistência. Ao preservar álbuns de fotografias e outras tantas lembranças pessoais, o arquivo assume o papel de uma espécie de reunião de família. Esses conjuntos de imagens guardam as narrativas visuais de uma rede afetiva baseada no apoio, na proteção e na celebração da vida, e preservam a memória das companheiras que não estão mais aqui. 

O Archivo está presente na 35ª Bienal de São Paulo na forma de um mural de memórias, uma colagem de mais de 3 mil peças, entre artigos de jornal e revista, fotos pessoais, imagens de momentos íntimos e retratos do cotidiano. Por meio dessa instalação, documentos se tornam janelas para vidas de um passado que ecoa com força nos dias de hoje. Cada fotografia guarda uma recordação, e o mural se transforma em um monumento de luta.

sylvia monasterios

1. Ver Memorias reveladas, de Quentin Worthington (França, 2019, 23’), documentário sobre a criação do AMT.

O Archivo de la Memoria Trans (AMT) é um projeto colaborativo e independente gerenciado por pessoas travestis e trans na Argentina que reúne imagens e narrativas sobre a história recente da comunidade trans no país. O arquivo atualmente compreende uma coleção de mais de 15 mil itens, incluindo fotografias analógicas digitalizadas, fotografias digitais, vídeos, recortes de jornais, correspondências, diários pessoais, documentos – carteiras de identidade nacionais, passaportes, arquivos policiais –, roupas, objetos e testemunhos de pessoas trans que datam de 1936 até o final da década de 1990. O AMT foi exibido em vários países e em locais como o Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti (Buenos Aires, Argentina), Museo Reina Sofía (Madri, Espanha), e a plataforma virtual da Tate Modern (sediada em Londres, Inglaterra).