35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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Vista da obra Bait [Casa] de Amos Gitaï durante a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Amos Gitaï

“Gitaï quer que essa casa se torne algo bem simbólico e bem concreto, que ela vire um personagem. Uma das coisas mais bonitas que os filmes podem alcançar: pessoas olhando para a mesma direção e vendo coisas diferentes. E sendo movidas por essa visão.”
− serge daney,
Libération, 1º mar. 1982

Amos Gitaï vem documentando uma única casa em Jerusalém ocidental por mais de quatro décadas a fim de narrar a história de uma região complexa por meio de variadas formas artísticas. Seus projetos começaram com uma trilogia de documentários realizada ao longo de mais de 25 anos: Bait [Casa] (1980), A House in Jerusalem [Uma casa em Jerusalém] (1998) e News from a House / Home [Notícias de uma casa / Lar] (2005). Nesses filmes, o espaço arquitetônico revela uma dimensão política. 

Bait é o primeiro trabalho de Gitaï, filmado em 1980 imediatamente depois de seu retorno de Berkeley, onde ele terminara um doutorado em arquitetura. Esse documentário em preto e branco realizado em 16 mm identifica os diferentes proprietários e ocupantes de uma casa, desde o primeiro, um médico palestino que a abandonou em 1948. O governo israelense então a confiscou e alugou, com base em uma lei “da ausência”, para um casal de judeus imigrantes da Argélia. Na época da filmagem, um professor de economia israelense comprou o imóvel. Ele decidiu transformá-la de casa térrea em um casarão de três andares. Mas, para executar a construção, teve que contratar palestinos do campo de refugiados e usar pedras das montanhas de Hebron. O espaço arquitetônico da Casa, assim, tornou-se ao mesmo tempo um microcosmo das relações israelense-palestinas e uma metáfora para Jerusalém. O filme constitui um palco aberto para diferentes ocupantes, trabalhadores e empreiteiros compartilharem suas vidas e perspectivas. A transmissão de House, o filme de 1980, foi banida pela televisão israelense na época.

editado por juliana de arruda sampaio
traduzido do inglês por gabriel bogossian

Amos Gitaï (Haifa, Israel, 1950. Vive em Paris, França) é cineasta e criou mais de noventa obras. Seus trabalhos foram apresentados em diversas retrospectivas no Centre Pompidou (Paris, França), MoMA e Lincoln Center (Nova York, EUA), e British Film Institute (Londres, Inglaterra). Seus filmes foram apresentados no Festival de Cannes (França) e Biennale Cinema (Veneza, Itália).