À equipe educativa do Museu Oscar Niemeyer

Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar neste chão devagarinho
Alguém me avisou pra pisar neste chão devagarinho…¹

Método é uma palavra-movimento? 

Na sua origem grega, methodos, é formada por duas palavras: meta, que é “por meio” ou “através de”, e hodos, “via” ou “caminho”. Não é curioso que o termo, no seu berço, traz a sabedoria de um aprendizado em ação, de um saber em movimento, que até desafia o conjunto de regras pré-estabelecido para a realização de alguma coisa (a famosa metodologia)? 

Talvez seja essa a essência do samba da Dona Ivone Lara que a gente ouviu na noite da palestra. “Pisar nesse chão devagarinho” não é a indicação de uma direção a ser seguida. O conselho que a sambista recebeu desse “alguém” solto no tempo (um ancestral? Um contemporâneo? Ambos em um só?) é mais sobre a consciência a respeito do chão que pisamos, que exige um olhar atento e passos cuidadosos, mesmo quando estamos no meio de uma correria. 

Encontro entre as equipes de educação da Bienal e do Museu Oscar Niemeyer. Foto: Jacqueline Prado

E por falar em correria, passos cuidadosos e olhares atentos, elementos tão comuns na prática de educação em diversos contextos, lembramos da conversa que tivemos sobre os caminhos de vocês pela cidade (e pela vida) a partir da Andança. Foi tão bonito conhecer Curitiba por esse olhar! Bonito, e um pouco triste também, mas, com certeza, é um sentimento comum nas cidades que vivemos. São tantos os deslocamentos… Torcemos muito para que os trabalhos de coreografias do impossível ajudem vocês a elaborarem estas questões. Estas e tantas outras que vocês trouxeram, e que ainda vão trazer.

Nos encontros que tivemos, olhamos, mais uma vez, para a ideia de formação. De novo, tivemos que encarar a noção de coreografia a partir de contornos distantes do seu uso disciplinar. Conceitos e corpos em movimento, isso que é tão simples e, ao mesmo tempo, tão complexo, por vezes, se apresenta como impossível. Outra vez, tentamos. 

Chegamos em São Paulo ainda na companhia do mesmo Sol intenso que encontramos aí em Curitiba. Nossa lembrança da capital mais fria do país é de recepções calorosas e debates quentes. No caminho para o aeroporto, o motorista de aplicativo até lamentou as geadas tímidas dos últimos anos. Imaginamos o que ele pensaria diante da questão da emergência climática em trabalhos como os de Rosana Paulino, Luana Vitra e Geraldine Javier. Talvez ele visite o MON. Mas o que marcou foi o seu entusiasmo ao falar sobre o estádio da Vila Capanema e da ascensão – e queda – do Paraná Clube, seis vezes campeão paranaense e celeiro vários craques do futebol brasileiro. Aprendemos algo com ele.

Aprendemos muito com vocês!

E seguimos aprendendo…

assessores responsáveis pela mediação: André Leitão e Renato Lopes