Daniel Lie vive e trabalha em Berlim, Alemanha. Em sua prática artística conta com a colaboração de parcerias a quem elu chama “além-de-humanes”: bactérias, fungos, plantas, animais, minerais, forças invisíveis, ancestrais e seres impossíveis de nomear. Ao propor a criação de ambientes e temporalidades específicas em espaços expositivos, busca possibilitar às pessoas humanas, por meio de nossos canais multissensoriais, um lugar de experimentação e de meditação.
Lie sugere a expansão do entendimento de ecossistema ao questionar o cistema hegemônico e a ótica a partir da qual a humanidade é hierarquicamente entendida como sendo o centro. No projeto apresentado para a 35ª Bienal de São Paulo, o protagonismo é além-de-humane: com o passar do tempo, diferentes cheiros e mudanças nos aspectos físicos da obra se mostram presentes, estabelecendo um diálogo e uma relação entre essas existências, os seres invisíveis que habitam o Parque Ibirapuera, o Pavilhão da Bienal, e nós.
Com base nessa proposta de experiência e, consequentemente, por meio de emoções, de pensamentos, existências e visões apagadas da história, é possível ter acesso a outros tipos de conhecimento? Desconstruir e desaprender a normatividade, quebrando conceitos duros e binários, é o que propõe Outres (2023).