35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Daniel Lie, Non-Negotiable Condition [Condição inegociável], 2021
Vista da instalação, Metabolic Rift 2021 ©️ Berlin Atonal
Foto: Savannah van der Niet

Daniel Lie

Transcrição de trechos da entrevista de Daniel Lie concedida à equipe de educação, realizada no Pavilhão da Bienal, em 14 de março de 2023.

“Para mim, a importância de trabalhar em parceria, tanto com pessoas humanas quanto com seres além-de-humanes, é entender que a gente faz parte de um ecossistema maior, mas, principalmente, retirar, questionar, criticar essa hierarquia que coloca a humanidade no topo. E todo esse ecossistema que é essencial para nossa existência acaba virando algo objetificado, secundário. Então tem uma pergunta: Como se relacionar com esses seres? Como perceber? Como entender a comunicação/relação e o que essa comunicação/relação me traz, o que muda? E aí, estando no Brasil, onde as questões humanas são muito degradantes, em algum momento da minha jornada eu pensei: como pensar agência, como pensar direitos, como pensar essa outra perspectiva de seres além-de-humanes enquanto seres humanos ainda não têm, totalmente, direitos humanos? Então, acho que as coisas vão se retroalimentando.”

“A instalação [Outres] responde especificamente ao lugar em que ela está. Os seres invisíveis ao nosso olhar começam a se apropriar dessa instalação e viver, e vão ser seres do andar da Bienal, invisíveis, que não têm nome, que são impossíveis de nomear.”

Sobre a autoria

Daniel Lie vive e trabalha em Berlim, Alemanha. Em sua prática artística conta com a colaboração de parcerias a quem elu chama “além-de-humanes”: bactérias, fungos, plantas, animais, minerais, forças invisíveis, ancestrais e seres impossíveis de nomear. Ao propor a criação de ambientes e temporalidades específicas em espaços expositivos, busca possibilitar às pessoas humanas, por meio de nossos canais multissensoriais, um lugar de experimentação e de meditação.

Lie sugere a expansão do entendimento de ecossistema ao questionar o cistema hegemônico e a ótica a partir da qual a humanidade é hierarquicamente entendida como sendo o centro. No projeto apresentado para a 35ª Bienal de São Paulo, o protagonismo é além-de-humane: com o passar do tempo, diferentes cheiros e mudanças nos aspectos físicos da obra se mostram presentes, estabelecendo um diálogo e uma relação entre essas existências, os seres invisíveis que habitam o Parque Ibirapuera, o Pavilhão da Bienal, e nós.

Com base nessa proposta de experiência e, consequentemente, por meio de emoções, de pensamentos, existências e visões apagadas da história, é possível ter acesso a outros tipos de conhecimento? Desconstruir e desaprender a normatividade, quebrando conceitos duros e binários, é o que propõe Outres (2023).