35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
A+
A-
35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
Menu
Faixa 17

Quilombo Cafundó

Oi, sou Luanda Vieira, jornalista especializada em moda, beleza e bem-estar. Passei pelas revistas femininas da Edições Globo Condé Nast, Glamour e Vogue, onde ocupei os cargos de editora de moda e de beleza, respectivamente. Fui a primeira e única brasileira a ingressar no Comitê Global de Diversidade e Inclusão, comandado por Anna Wintour. Hoje também atuo como influenciadora digital e comando o podcast O Corre Delas, sobre carreira, na Obvious.

Estarei aqui com você nas próximas quatro faixas deste audioguia.

Agora chegamos ao Quilombo Cafundó. A Comunidade Quilombola do Cafundó está localizada na área rural de Salto de Pirapora, a doze quilômetros do centro de Sorocaba, no estado de São Paulo. Oficialmente, o Quilombo existe desde pelo menos 1888, quando o casal Joaquim Congo e Ricarda Congo receberam a alforria e herdaram as terras da pessoa que era, então, o senhor deles. 

Na década de 1970, um homem chamado Seu Otávio Caetano teve grande importância na luta deste e de outros quilombos vizinhos, que eram vítimas de  uma onda de violência e extinção. Particularmente, os esforços de seu Otávio de falar sobre o Quilombo e  da língua cupópia, que combina a estrutura do português com palavras de origem africana, ganharam notoriedade. Isso culminou em visitas de antropólogos e linguistas à comunidade, o que garantiu alguma proteção aos moradores do Cafundó. 

Em 20 de novembro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou o reconhecimento do Quilombo Cafundó como área de interesse social. Atualmente, o quilombo ainda é habitado pelos descendentes daqueles que o iniciaram. 

Esta Bienal conta com arquivos, fotos e documentos que fazem parte da história do Cafundó. São mais de 120 exemplares, de dimensões variadas. 

Um primeiro conjunto são fotos, coloridas e em preto e branco, de lugares e pessoas do Quilombo. 

Outros são esboços, datilografados ou desenhados sobre uma folha de papel branca, de mapas de localização, quadro territorial, plantas e projetos arquitetônicos, como os do território do próprio Quilombo, da Capela Cafundó ou da Casa de Otávio Caetano e dona Maria. 

Também há uma série de mapas genealógicos. Há um intitulado “Os ascendentes de Josefa Maria de Camargo”. Outro, por exemplo, é o mapa genealógico de “Caxambú e Cafundó”. 

Noutra categoria estão anotações sobre as línguas faladas do quilombo. “Lista lexical de Otávio Caetano; “Expressões com ‘quendar'”; “Expressões da cupópia”; “Comparação de expressões entre ‘Minas’ e Cafundó”; ou, ainda, “Dúvidas: pronúncia e sentido”. 

Há também algumas notícias de jornal, todas publicadas no ano de 1978. Os títulos são sugestivos da histórica luta do Quilombo e da percepção pública sobre ela, ainda na década de setenta. Escutemos alguns deles: “Os negros do Cafundó e sua estranha maneira de falar”, com subtítulo “Nas recordações, o tempo da escravidão”, publicado pelo Cruzeiro do Sul, jornal de Sorocaba; “Charada no Cafundó”, publicado pela Veja São Paulo, com fotos coloridas de seu Otávio Caetano, um homem idoso e negro, com cabelos curtos; “O negro está livre?”, feito pelo jornal Folhetim, de São Paulo; ou, ainda, “Morte no Cafundó: negros defendem terras a foice”, também do jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba.