35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Faixa 18

Kapwani Kiwanga

Chegamos agora à instalação criada por Kapwani Kiwanga, artista franco-canadense que reside atualmente em Paris. Sua obra explora amplamente as desigualdades de poder. abigail Campos Leal diz, em seu texto para o catálogo da mostra, que “o trabalho de Kapwani Kiwanga nos afeta através de sentimentos de confusão, mas menos como método e mais como um caminho. Sua arte confunde os fundamentos rígidos do mundo moderno-colonial, sobretudo sua perversa lógica binária, como a de verdade e ficção”. 

Para a 35ª Bienal, Kapwani Kiwanga apresenta a instalação chamada pink-blue [rosa-azul], de 2017. 

A instalação é um corredor com paredes, teto e piso, por onde podemos caminhar. Ele não possui janelas. As únicas aberturas são a entrada e, ao final, uma pequena porta aberta, por onde podemos sair. As dimensões do corredor são de 3 metros de altura entre o chão e o teto, 3 metros de largura entre as duas paredes, e 16 metros de comprimento, da entrada até a saída. No teto há duas fileiras de tubos de luz fluorescente, cada uma delas dispostas na diagonal em relação às paredes. 

Na primeira metade do corredor, o teto, as paredes e o chão são pintados de rosa. Na segunda metade, são pintados de branco. Na porção rosa, as luzes neon do teto são brancas. Elas reforçam as tonalidades da cor rosa. Na porção branca, entretanto, as luzes são azuis, de maneira que o efeito visual é azul ao invés de branco. 

O visitante deve entrar primeiro pela parte rosa e sair pela seção azul, caminhando em direção à pequena porta e sentindo as nuances proporcionadas pelo jogo de cores. A diferença de cores confere uma divisão a este espaço que é fechado e contínuo. As luzes neon dispostas na diagonal, por sua vez, desorientam nossa sensação de um caminhar retilíneo e linear. 

Como diz Campos Leal, pink-blue “é concebida a partir da pesquisa de Kapwani sobre instituições totais – caso das instituições psiquiátricas e dos presídios – e o impacto da arquitetura e design punitivista sobre nossos corpos, além da vigilância constante. A instalação traz à tona mecanismos que, na surdina, moldam, regulam e preveem as formas de sociabilidade. Neste caso, a cor rosa, especificamente a Baker-Miller Pink, acalmaria instintos agressivos, enquanto o azul neon, dificultaria a localização das veias, inibindo usuários de drogas injetáveis.”