35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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São Paulo
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Faixa 8

Judith Scott

A artista estadunidense Judith Scott, nascida em 1943 e falecida em 2005, teve seu encontro com a arte em 1987, já na vida adulta, no Creative Growth Art Center, um inovador programa artístico voltado para artistas com deficiência. Ela tinha síndrome de Down e era surda, não tendo desenvolvido linguagem oral. Viveu trinta e cinco anos em uma instituição para pessoas com deficiência, excluída do convívio social e familiar. Após este período, foi reencontrada pela sua irmã gêmea, Joyce, que a levou para viver com ela em Oakland, Califórnia. 

Nos seus primeiros meses no Creative Growth, Scott expressou-se por meio de cores, círculos e padrões repetitivos no papel, ocasionalmente incorporando imagens recortadas de publicações. Sua incursão no âmbito escultural começou quando a artista Sylvia Seventy apresentou-lhe diversas técnicas têxteis, como tecelagem e bordados com diferentes tipos de fios e tecidos.

Durante os dezessete anos seguintes, Judith Scott desenvolveu notáveis esculturas, construídas a partir de objetos encontrados e materiais diversos, meticulosamente envoltos e entrelaçados em fios e fibras variadas, fazendo dos fios poesia. 

As formas abstratas de suas esculturas envolventes eram concebidas a partir de elaboradas estruturas artesanais que envolviam materiais descartados ou resgatados, frequentemente camuflando estruturas internas ou ocultando tesouros. Sua abordagem caracterizava-se por sua autonomia criativa, orientação intrínseca e pela ausência de repetição de formas ou esquemas de cores nas suas obras têxteis multifacetadas. Durante sua permanência no Creative Growth, Judith Scott produziu quase cem esculturas, continuando sua prática até o ano de seu falecimento, em 2005.

Scott ocultava pequenos segredos sob diversas camadas de fios e cabos, incorporando uma variedade de objetos nas suas obras – de ventiladores a CDs, de guarda-chuvas antigos a carretéis de papelão. Esses elementos eram consistentemente entrelaçados e protegidos por guarnições de metal, envolvidos em lã até atingirem uma forma final suave e reconfortante.

A presença de itens escondidos nas peças é de fundamental importância, conferindo uma sensação orgânica às mesmas – afinal, há algo pulsante que reside dentro das formas. Seu processo criativo geralmente se estendia por cerca de três semanas, e Judith Scott determinava o momento de sua conclusão com firmeza e autonomia, mas num gesto suave de puro afago ou afeição de despedida.