35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Faixa 1

Ibrahim Mahama

Estamos diante da instalação de Ibrahim Mahama. Ele é da parte norte de Gana, de uma cidade chamada Tamale, a terceira maior cidade do país. Ele começou a estudar arte no ensino médio. Foi pintor figurativista por muitos anos, até que, em 2010, quando viajava muito pelo país, olhando, conhecendo mercados, espaços antigos e abandonados, passou a imaginar como repensar a arte de forma a redistribuí-la. A partir daí, deu início à criação de instalações esculturais que envolvem sacos de juta sobre estruturas arquitetônicas, como o Teatro Nacional em Accra, Gana, ou o Arsenale, na Bienal de Veneza de 2015, na Itália. 

Ibrahim Mahama trabalha com materiais que contam uma história de economia e comércio global, áreas cruciais na sua investigação artística. Nos últimos anos, Mahama estabeleceu, em Tamale, Gana, três instituições culturais que procuram usar história e arquitetura como ferramentas educativas: o Savannah Centre for Contemporary Art, o Red Clay Studio e o Nkrumah Volini.

Para a 35ª edição da Bienal, Mahama concebeu uma instalação que estabelece um diálogo profundo com seu trabalho anterior, também denominado Parliament of Ghosts, ou, em tradução livre, Parlamento dos Fantasmas. O espaço recriado aqui reproduz as arquibancadas feitas de tijolos vermelhos do salão de seu estúdio RED CLAY, em Tamale, Gana. Na instalação, também há um conjunto de vasos típicos de Gana e trilhos de ferrovias, símbolo da colonização inglesa em seu país. Esta representação relembra a história da empresa ferroviária de Gana, a Ghana Railway Company

A obra é dividida em três partes que estão espalhadas por esse piso do pavilhão: a arquibancada de tijolos, os 146 vasos e o trilho de trem.

A arquibancada tem um formato retangular com cerca de 150 metros quadrados. Em formato de arena, a arquibancada tem três níveis de degraus onde as pessoas podem se sentar. Ela tem quase um metro de altura e foi construída com milhares de tijolos de barro vermelhos. 

Os 146 vasos estão próximos à arquibancada de tijolos. Eles variam entre 70 e 90 centímetros de altura, são todos de terracota com uma coloração marrom escura. Oitenta  desses vasos foram produzidos no Brasil e são réplicas dos outros 66 vasos que vieram de Gana. Esses vasos que vieram de Gana apresentam marcas do tempo, por serem antigos e terem sido desenterrados. 

O trilho está um pouco mais afastado desses dois conjuntos. Ele tem 51 metros de extensão por um metro e quarenta centímetros de largura. Ele é uma referência aos trilhos da companhia inglesa que passavam onde hoje é o estúdio de Mahama em Gana. Os longos trilhos de metal estão assentados sobre dezenas de dormentes de madeira. 

A respeito de suas criações, o artista nos conta: “não é possível pensar em fazer arte sem pensar sobre capital e situações econômicas. E a ideia da pedagogia se inscreveu no trabalho, na forma de fazê-lo. E eu usei o trabalho como um meio de selecionar materiais cuidadosamente. E passei a ser cuidadoso com os materiais e o porquê deles, as histórias inscritas neles e quais potenciais eles carregam. Então esse é basicamente o tipo de trabalho que eu faço.”