35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
Entrada gratuita
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Faixa 3

Denilson Baniwa

Natural de Barcelos, no estado do Amazonas, Denilson Baniwa é um artista e ativista pelos direitos dos povos indígenas. Do povo Baniwa, atualmente reside e desempenha suas atividades em Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, vem investigando formas de introdução de temporalidades indígenas em instituições artísticas não indígenas. Ele é um dos mais destacados artistas de sua geração, além de curador e articulador de cultura digital, contribuindo para a construção de uma imagética indígena em diversos meios. Seu trabalho já foi exposto em prestigiados locais e recebeu diversas premiações. 

Estamos no espaço dedicado à obra Kaá, uma plantação de milho do Povo Guarani, uma das três que compõem o projeto de Baniwa para esta Bienal, chamado Kwema / Amanhecer. Como ele próprio diz, “as coreografias de sobrevivência e resistência do povo Baniwa desde o início dos tempos deu-se pela administração do caos e fins-de-mundo […] Reconstruindo-se após as tragédias mitológicas e dos contatos com os brancos, os Baniwa continuam dançando e cantando, apesar das violências sofridas e entendendo tudo o que foi perdido ou amputado de sua cultura, se reorganizando e reinventando suas práticas. Incluindo elementos adquiridos pelo contato com o ocidente em suas realizações culturais. Amanhecer é entender que um novo dia surge após uma pesada noite, e que ainda podemos realizar o Pudali, festa tradicional onde se troca conhecimentos, alimentos e possibilidades de existência num mundo em constante transformação. Alimentando memória e corpo.” 

Além de Kaá, o projeto também conta com Itá, composto de duas rochas com inscrições em baixo relevo, desenvolvido em conjunto com a pesquisadora Francineia Baniwa, para contar as histórias da cosmogonia do povo Baniwa e dos primeiros contatos com os brancos; e Tatá, um painel de líber, que é uma entrecasca de árvore, com pinturas e técnicas de plumagem Baniwa, desenvolvido em conjunto com a artista Aparecida Baniwa, contando sobre os primeiros contatos com a Igreja Católica no Rio Negro e suas violências coloniais-religiosas. Nesta faixa conheceremos com mais detalhes a primeira delas, Kaá

A obra Kaá é, literalmente, uma plantação de milho. É uma enorme estrutura de madeira de aproximadamente 250 metros quadrados, cheia de terra, com bordas de contenção de cerca de meio metro de altura. Na terra há pés de milho, que foram plantados e irão crescer ao longo do tempo da exposição. A instalação como um todo tem uma forma quase retangular.

Há um caminho vermelho que atravessa a plantação por onde podemos caminhar, a partir da entrada. O caminho não é linear, mas com viradas em ângulos de 90 graus. Ao final deste caminho, chegamos a um espaço circular, como aqueles das aldeias indígenas, rodeado por uma arquibancada com dois degraus onde podemos nos sentar e compartilhar momentos com outras pessoas. No meio deste círculo está uma grande pedra.

Ao final da exposição espera-se realizar uma colheita e preparo de alimentos com o milho colhido, servidos em um almoço coletivo. Esse trabalho será feito em conjunto com a professora Jerá Guarani e jovens da comunidade Guarani de São Paulo. Como diz Renato Menezes, nesta Bienal “Denilson Baniwa aprofunda sua pesquisa sobre a integração entre obra e comunidade, complexifica os procedimentos técnicos que permitem a passagem do campo da representação para o da vivência e faz aparecer a possibilidade da colheita e da alimentação como efetivação do ato da partilha e da reelaboração da memória.”