Relato de encontro presencial com a publicação educativa

Articular mundos é um convite, uma tentativa prática de aliar ética e estética na invenção e pluralização dos modos de expressar e entremear arte e vida; de vislumbrar novas bases de organização e produção de identidades, subjetividades e pertencimentos.¹

Sábado, 13 de maio de 2023, outras vozes chegam para dar corpo ao coro que se forma junto com a 35ª Bienal – coreografias do impossível. Após o lançamento da publicação educativa aqui numa coreografia de retornos, dançar é inscrever no tempo, performamos a re/estreia de encontros presenciais no Pavilhão da Bienal com um desejo: abandonar as formas, irromper com métodos e viver a experiência de trocas, de imaginações e possibilidades a partir e com a publicação educativa.

Caminhamos em direção a proposta pluricultural de dança-arte-educação da artista Inaicyra Falcão para ecoar possibilidades didático pedagógicas a partir de saberes coletivizados por tradições e que deslocam as formas de racionalidade das trocas.

Chegada, café, publicação educativa, banheiros, água, boas vindas. Convidadas, sem muitas explicações, para uma roda que se desenhava a partir de cadeiras pretas dispostas em círculo, anunciamos versos que seriam musicados coletivamente para começar a circular as vozes pelo vazio do Pavilhão:

Menina* quando tu fores
me escreva pelo caminho
se não achares papel
nas asas do passarinho

Como nos propõe Inaicyra, a designação “menina” foi substituída pelos nomes de cada pessoa da roda em todo recomeço da cantiga. A roda seria então o nosso canal produtor de corporeidades e sensibilidades a partir do jogo, da brincadeira.

A ressonância de nossas vozes fez criar condições possíveis para outras significâncias. Uma roda, três pandeiros e alguns desejos de encontro com artistas e pensadoras que colaboram com o enredo da publicação educativa, re/estreamos as primeiras coreografias no vazio do Pavilhão da Bienal de São Paulo, marcadas com gestos e reflexões sobre as memórias do corpo e as possibilidades presentificadas em movimentos que não se valem exclusivamente de materializações.