Inaicyra Falcão, Tokunbó: Sons entre mares
Leia a carta editorial:
Foram muitos os encontros, as conversas, as trocas, as viagens, as idas e vindas até o nascimento de Tokunbó: Sons entre mares, projeto comissionado da artista Inaicyra Falcão para a 35ª Bienal de São Paulo. Tokunbó é composto desta publicação, da gravação e da apresentação de um disco e sua performance lírica. Juntos, significam muito mais: o projeto é a celebração da história de uma artista que se autodefine como “articuladora de mundos”.
Para além de uma função documental, este livro, assim como o disco e a performance, é uma obra dedicada à obra da vida de Inaicyra. Não contaremos aqui os bastidores das decisões curatoriais – a escolha do projeto, os desafios de formalizar o elemento sônico no espaço, de gravar um disco, de escolher um repertório, ou mesmo as tensões que encontramos entre os sistemas de produção da música e das artes visuais. Com estas páginas e por meio delas, mergulharemos nas epistemes, metodologias e estratégias que fundamentam o processo de criação da artista. O esforço de traduzir esse aprendizado na escrita vem repleto de reflexões sobre a produção de conhecimento oral, ancestral, e o encontro desse conhecimento com espaços institucionalizados do saber: tocam as formas como nossas lembranças e memórias do corpo encontram, na linguagem, seus diversos modos de expressão, ao mesmo tempo que ampliam nossas percepções ao tensionar as contradições da formação de uma identidade em diáspora que esbarra com os limites da história. Aqui, vale contar não só o que ocorreu, mas também a narrativa daquilo que se diz ter ocorrido. Narrativa que se materializa fora de um sentido cumulativo do tempo, em que a ancestralidade se expressa na voz e no corpo da artista como a própria evidência histórica, por meio de uma noção cíclica do tempo.
O corpo desta publicação é materializado em uma biografia crítica – marcada pelos anos de interlocução entre Inaicyra Falcão e o pesquisador damaso bueno –; a coleção de letras que compõe a produção musical proposta para a 35ª Bienal de São Paulo; uma coreografia textual organizada pelo professor Félix Ayoh’OMIDIRE, que ressalta a relevância ancestral dos poemas-oríkì da artista; e uma conversa mediada pela curadoria, que nos conduz ao repertório crítico-conceitual acumulado ao longo das tantas articulações de mundos de Inaicyra Falcão.
Créditos da publicação
Textos e entrevista
Curadoria 35ª Bienal de São Paulo
Félix Ayoh’OMIDIRE
Inaicyra Falcão
damaso bueno
Edição e coordenação editorial
Tarcisio Almeida
Preparação e revisão
Cristina Yamazaki
Ricardo Liberal
Produção
Equipe Fundação Bienal de São Paulo
Transcrição
Maria Luiza Meneses
Design gráfico
Namibia Chroma
Prensagem
Lombra Records