Castiel Vitorino Brasileiro
https://youtu.be/wB49eKUiLsk
Castiel Vitorino Brasileiro é uma artista que constrói sua obra, como ela própria afirma, “não a partir de identidades modernas, mas a partir de sua própria condição híbrida.”
A partir desse hibridismo, a artista recusa os rótulos e as categorizações que tentam circunscrever sua identidade. Ela encara sua obra como um aviso de que “podemos viver outra história que não essa racial e de gênero”.
A instalação de Castiel Vitorino Brasileiro chama-se Montando a história da vida. A respeito dessa obra, a artista nos conta que “inserir as almas nos estudos modernos sobre a vida terráquea é tão perigoso quanto transformar a biologia numa disciplina espiritual. Em ambos os casos, nos deparamos com a matriz geradora de vida: a incapacidade de celebrar a transformação da matéria e ignorar a memória do que decidiu-se nomear de objeto”.
Trata-se de uma instalação retangular de quarenta metros quadrados. O chão dela está coberto por uma terra marrom escura. Há uma chapa de aço com os dizeres “Museu dos Objetos com Alma Roubados pela Polícia Brasileira” recortados como num stêncil. Um elemento que chama atenção é um barco de 5 metros e meio com o casco parcialmente enterrado no chão sobre um monte de terra. Espalhadas ao longo da obra estão deitadas oito toras de eucalipto de aproximadamente quatro metros cada, além de pequenos troncos de eucalipto bruto na vertical.
Sobre a terra escura e acima dos pequenos troncos na vertical também está uma coleção de alguidares, aqueles típicos recipientes de barro, de diferentes tamanhos e formatos, cheios de pedaços de carvão de diferentes tamanhos, além de colheres de pau. Eles estão organizados de forma aleatória, em um dos ângulos do retângulo que faz a base da instalação.
Mais ao fundo, está uma estrutura de ripas de madeira de eucalipto em forma de “L”, com uma pintura a óleo fixada sobre uma chapa de compensado naval em um dos lados, outra chapa do outro lado da obra, e ainda mais uma apoiada por cima. Essas paredes remetem às ruínas do que Castiel chama de museu fictício dos objetos roubados pela polícia.
Segundo a artista, “não existe objeto, quando consideramos que em tudo há vida. No barco, nas árvores de eucalipto responsáveis por criminosas monoculturas, nas terras escuras e avermelhadas constituídas por nutrientes gerados por milhares de anos. Nas pinturas que declamam pensamentos e emoções sobre nossas origens. Nos alimentos que saciam a fome de anatomias que desconhecem a cisão entre arte, ciência e espírito. Ori. Numa ruína dum museu que parece ser fictício, mas não é.”