Torkwase Dyson
Você já se perguntou como nossos corpos se comportam em diferentes espaços?
Para a 35ª Bienal, Torkwase Dyson apresenta uma instalação inédita, comissionada para a mostra, que investiga essa questão. Dyson é uma mulher negra nascida em 1973, em Chicago, Estados Unidos, e considera as relações espaciais uma questão urgente, tanto no contexto atual quanto historicamente, devido à instrumentalização violenta da arquitetura pelo colonialismo. Ela pensa sobre as maneiras pelas quais corpos negros e pardos agenciam os espaços naturais e construídos, bem como suas estratégias de auto-emancipação e libertação espacial. Assim, Dyson busca criar geografias mais habitáveis ou, como ela mesma descreve, busca “fazer formas que celebrem as possibilidades”.
A obra Blackbasebeingbeyond de Torkwase Dyson é formada por uma estrutura preta, que parece um monumento triangular. Mas, ao invés da parte superior ser pontiaguda, tem uma forma arredondada. Ela possui três metros e meio de altura, um metro e meio de profundidade e dois metros e vinte centímetros de largura. Ela é composta por duas partes iguais, como se o triângulo tivesse sido cortado ao meio. Sobre essas duas metades há uma chapa de metal que as envolve desde a base e faz um arco na parte superior. Isso faz que haja um vão entre as duas metades por onde é possível passar uma pessoa.
Para a criação dessa instalação, Dyson realizou sua pesquisa numa ruína chamada Casa da Torre de Garcia d’Ávila, localizada no município de Mata de São João, na Bahia. Historicamente, foi propriedade de Garcia d’Ávila, homem conhecido por ter perpetrado um regime atroz de escravidão indígena e das populações negras entre os séculos 16 e 18. Nas fotos atuais, as ruínas dessa Casa têm paredes feitas de pedras enegrecidas e entradas em formatos de arco.