Sammy Baloji
Sammy Baloji nasceu em 1978 na cidade de Lubumbashi, República Democrática do Congo. Atualmente, mora e trabalha entre Lubumbashi e Bruxelas, capital da Bélgica. Os deslocamentos entre os dois países são um ponto de partida para adentrarmos seu universo artístico. “Desde 2005, Baloji vem explorando a memória e a história da República Democrática do Congo. Seu trabalho é uma pe squisa contínua sobre o patrimônio cultural, arquitetônico e industrial da região de Katanga, bem como um questionamento do impacto da colonização belga.”
Para esta itinerância, Baloji apresenta um conjunto de três esculturas, de 2020, intitulado Negativo de cobre de tecido de luxo dos povos Kongo, República Democrática do Congo, República do Congo ou Angola, séculos 18-19. As esculturas são feitas em bronze com inscrições de tecidos tradicionais sobre elas. Cada uma apresenta diferentes padrões geométricos esculpidos no bronze, criando uma profundidade que destaca o relevo das figuras contra o fundo da placa.
A primeira tem 63 centímetros de comprimento por 64 centímetros de altura e 0,9 centímetros de grossura. Ocupando quase toda a placa há um padrão intrincado composto por linhas que desenham ângulos retos e formam uma série de caminhos contínuos e simétricos, como num labirinto. Essas linhas são constituídas por outras linhas menores, que também formam padrões geométricos com ângulos retos, uma continuando a outra. Esse todo é envolvido por uma espécie de moldura, também inscrita no bronze, em formato quadrado. A moldura é desenhada com pontilhados e em cada uma das quatro extremidades há um pequeno círculo.
A segunda obra tem 52 centímetros de comprimento por 51,3 centímetros de altura e 0,9 centímetros de grossura. Destacam-se doze pequenos quadrados, um ao lado do outro, distribuídos em quatro linhas horizontais. O interior de cada quadrado é preenchido com um design único, composto por linhas retas que formam losangos e triângulos. Toda essa composição é envolta por uma moldura inscrita no bronze, em formato quadrado. A moldura é desenhada com pontilhados e em cada uma das quatro extremidades há um pequeno círculo.
A terceira imagem tem 50 centímetros de comprimento por 62 centímetros de altura e 0,9 centímetros de grossura. Ela apresenta um padrão geométrico que ocupa toda a superfície. Há um motivo losangular que predomina e se repete em simetria. As linhas de um continuam no outro, criando um padrão intrincado. Novamente há uma moldura inscrita no bronze, em formato quadrado, que envolve o centro da obra. A moldura é desenhada com pontilhados e em cada uma das quatro extremidades.
Sammy Baloji se interessa pela trajetória patrimonial desses objetos, que foram expropriados e levados a gabinetes de curiosidades europeus e transferidos a museus de etnografia no século 19. O bronze foi um dos minérios extraídos durante a brutal colonização congolesa pelos belgas, quando foi uma colônia pessoal do rei Leopoldo II, resultando em aproximadamente 10 milhões de mortos. O fantasma do passado colonial ainda assombra, como negativo, o bronze extraído para a riqueza dos europeus.