35ª Bienal de São Paulo
6 set a 10 dez 2023
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35ª Bienal de
São Paulo
6 set a 10 dez
2023
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Citra Sasmita

 

Vamos visitar a instalação da artista balinesa Citra Sasmita. A artista nasceu em 1990, em Tabanan, que fica na ilha de Bali, na Indonésia.

Esse projeto apresentado aqui é um desdobramento da pesquisa que Citra Sasmita desenvolve desde 2019 e que se chama Timur Merah ou “Leste vermelho”, em português.

Para a 35ª Bienal, a artista criou a nona edição, com novas peças, traços, cores, figuras e formas. 

O trabalho de Citra Sasmita tem o estilo de uma pintura secular que se chama “Kamasan”. Produzida em tecido, a pintura Kamasan traz muitos elementos, figuras e personagens que habitualmente representam episódios de narrativas, contam uma história. Esse estilo também era usado para representar calendários e, principalmente, feitos heróicos dos homens como guerras e outros atos de bravura.

A obra, produzida com tinta acrílica sobre tecido tradicional, reconhece a beleza das tradições, mas também faz uma crítica ao patriarcado e ao colonialismo na cultura do país da artista. 

Em Timur Merah Project IX: Beyond The Real of Senses (Oracle and Demons) [Projeto Timur Merah IX: Além do reino dos sentidos (Oráculo e demônios)], os tecidos estão dispostos pendendo do teto, em formato circular com 2 metros de diâmetro e uma pequena abertura, como uma porta, que convida o visitante a entrar e observar as imagens que estão voltadas para dentro do círculo. 

Em Timur Merah Project IX: Beyond The Realm of Senses (Allegory of The Archipelago) [Projeto Timur Merah IX: Além do reino dos sentidos (Alegoria do arquipélago)], aparece também pendendo do teto, mas em outra disposição, que de forma quase vertical, desce e torna a subir levemente, criando uma sensação de movimento e balanço para abrigar as ricas histórias que a artista quer contar. O tecido possui uma base de madeira em ambas as pontas e uma corda liga este tecido à uma estátua dourada de um pequeno homem de chapéu – lembrando um Kabouter, figura do folclore holandês que se assemelha a um gnomo.

Citra Sasmita dá um novo sentido às imagens, colocando novas personagens como protagonistas. São mulheres indonésias com cabelos negros que entrelaçam suas existências, que se misturam com elementos da natureza. Tem também muito sangue e muito fogo que jorram. E isso tudo expressa as dores, as opressões, e as violências que afetam as mulheres até hoje. No entanto, as mesmas mulheres que têm suas cabeças cortadas produzem vida. De seus ventres nascem árvores e seus galhos se abrem em folhas verdes que crescem em direção ao céu. São mulheres-deusas, musas que não estão sozinhas. São um rio formado por mulheres que, juntas, vivenciam experiências de dor e de prazer. As mulheres são deusas das águas e do fogo. Com suas protagonistas, criaturas meio-humanas, meio feras, meio-árvores, Sasmita conta através da arte novas histórias de mulheres, agora poderosas.